Em muitos municípios brasileiros, o avanço da vacinação permitiu que fosse autorizada a volta das aulas presenciais. Uma demanda social forte, justificada por inúmeros motivos, a começar pelo fato de que os estudantes precisam do convívio social que a escola proporciona, parte essencial da sua formação.
Apesar do retorno, poucos professores contam com todos os alunos da turma a um só tempo na classe. Diversas formas de revezamento foram pensadas, de acordo com as características e condições de cada escola.
Para os professores, mais um enorme desafio se coloca: voltaram os alunos, mas não a rotina escolar, no sentido de não se restabelecer as atividades como normalmente ocorrem, por meio de planos de aula que preveem um conjunto de atividades durante um dia, uma semana, um bimestre para toda a turma, com avaliações de acompanhamento. Portanto, não se restabelece as condições necessárias para que se possa implementar um programa consistente de recuperação das aprendizagens que não foram alcançadas ao longo desses meses todos de aulas remotas, uma vez que isso pressupõe ter todo o grupo para executar o trabalho.
O que fazer, então?
Uma possibilidade que poderá ser de grande valia para os professores e coordenadores que atuam nos Anos Iniciais será pensar um conjunto de atividades (3 ou 4, pelo menos), a serem executadas ao longo de 15 dias (imaginando-se que durante esse tempo todos os alunos – ou grande parte deles – terão estado presentes na classe), sondando de maneira muito objetiva o que os alunos de fato sabem.
Essas atividades devem iniciar verificando os objetivos de aprendizagem que os alunos já tinham alcançado antes do início da pandemia (possivelmente referente aos conteúdos trabalhados em 2019) e, gradativamente, ir avançando até os conteúdos trabalhados no semestre passado, verificando quais aprendizagens de fato foram alcançadas. Esse é o ponto que os professores não podem desconsiderar: mesmo que o empenho tenha sido grande, o fato de terem ensinado não garante que tudo foi aprendido por seus alunos.
As atividades devem iniciar, preferencialmente, com um texto de gênero conhecido dos alunos, a partir do qual são propostas questões de compreensão leitora, gramática e, se possível, outras envolvendo conceitos matemáticos, de ciências, de geografia e história, aferindo vários conhecimentos dos alunos de modo integrado (evitando uma sobrecarga de trabalho para os alunos e para os professores). O importante é que cada questão sirva para aferir um quesito bem claro de aprendizagem: interpretação textual, aplicação correta da pontuação, uso da concordância nominal, resolução de problema envolvendo as ideias de adição e multiplicação, comparação das características dos mamíferos e dos répteis, etc. O desempenho de cada aluno, em cada questão, deverá gerar uma espécie de mapa indicando quais são as habilidades que ele domina e o que precisa ser recuperado.
Essas atividades deverão ser realizadas por todos os alunos, ainda que não simultaneamente, em razão do rodízio. É importante apresentar esses instrumentos como fichas de atividade, evitando qualquer menção à avaliação, para não criar tensões desnecessárias nos alunos.
Se esse trabalho for realizado por toda a equipe de pedagógica/professores da escola, um mesmo instrumento pode servir para mais de uma série. Por exemplo: o instrumento que vai servir para aferir os conhecimentos dos alunos do 3º ano referentes a conteúdos do 1º semestre deste ano também pode ser aplicado como sondagem para os alunos do 4º ano. Isso proporcionará uma visão abrangente, identificando inclusive quais os grupos que mais sentiram o afastamento da escola.
Quando todos os alunos estiverem de volta, simultaneamente, será mais fácil implementar o plano de recuperação. Assunto que vamos tratar em uma próxima publicação.
Vitória Rodrigues e Silva
Fundamento Assessoria
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