2025 começa com uma novidade e tanto: os estudantes brasileiros não podem mais fazer uso dos celulares durante as aulas, exceto quando são empregados como recursos de aprendizagem ou em outras situações muito particulares. A maioria dos professores certamente concorda com a medida, porque não tem sido nada fácil competir com os apelos que esses aparelhos oferecem de captar a atenção e desviar o foco. Nos últimos tempos têm sido publicadas muitas matérias dando conta dos danos que a exposição excessiva às telas tem causados aos estudantes. Muitos deles reconhecem que causam prejuízos a si mesmos ao ficarem permanentemente conectados à internet. Os jovens brasileiros estão entre os que mais tempo permanecem online em todo o mundo.
Medidas como as tomadas no Brasil têm sido comuns em outros países, em alguns casos ainda mais drásticas, porque também reduzem o acesso dos jovens e principalmente das crianças às redes sociais, uma vez que há provas o bastante de que esses ambientes são prejudiciais a elas. As recentes medidas de supressão de filtros e de mediação na publicação dos conteúdos em algumas redes sociais que contam com milhões de adeptos têm tornado esse debate ainda mais intenso.
Por outro lado, essas medidas coibitivas do uso do celular não devem desobrigar as escolas a desenvolverem ações efetivas visando a educação digital e midiática, ou seja, contribuir para que os alunos façam o melhor uso possível das tecnologias digitais. O grande tema do momento – a Inteligência Artificial – mostra-se ao mesmo tempo como uma tecnologia com gigantesco potencial disruptivo na geração de novos conhecimentos (a indústria farmacêutica estima que o tempo e os custos para o desenvolvimento de novos medicamentos serão drasticamente reduzidos, para dar apenas um exemplo), mas também são assustadores os riscos que ela poderá representar no campo do trabalho (desaparecimento de muitas atividades e profissões), das armas e na disseminação de desinformação. A escola terá que se envolver com esses temas, fornecendo aos estudantes informações e orientações sólidas, ajudando-os a navegar nesses ambientes cada vez mais hostis e preparando-os para fazer bom uso dos recursos já acessíveis a eles.
Assim, nesses dias dedicados aos temas pedagógicos reunindo todas as equipes da escola, um que não pode faltar é o que trata dessas questões. Se a escola não adotar um padrão único de conduta, logo no primeiro dia letivo, a implementação dessa medida, que tem tudo para ajudar os professores a desenvolver melhor o seu trabalho, poderá resultar em mais um foco de grandes conflitos. Nunca é demais lembrar que é próprio dos adolescentes tentar burlar regras. E essas novas, pelas restrições que acarretam, certamente encontrarão resistências. Será preciso sabedoria para uma boa implementação dessas novas regras nas escolas.